Homenagem á Vida e Obra de Clarice Lispector

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Liberdade


"Houve um diálogo difícil. Aparentemente não quer dizer muito, mas diz demais. - Mamãe, tire esse cabelo da testa. - É um pouco da franja ainda. - Mas você fica feia assim. - Tenho o direito de ser feia. - Não tem! - Tenho! - Eu disse que não tem! E assim foi que se formou o clima de briga. O motivo não era fútil, era sério: uma pessoa, meu filho no caso, estava-me cortando a liberdade. E eu não suportei, nem vindo de filho. Senti vontade de cortar uma franja bem espessa, bem cobrindo a testa toda. Tive vontade de ir para meu quarto, de trancar a porta a chave, e de ser eu mesma, por mais feia que fosse. Não, não “por mais feia que fosse”: eu queria ser feia, isso representava meu direito total à liberdade. Ao mesmo tempo eu sabia que meu filho tinha os direitos dele: o de não ter uma mãe feia, por exemplo. Era o choque de duas pessoas reinvindicando - o que afinal? Só Deus sabe, e fiquemos por aqui mesmo."

By: Blog Clarice Lispector - Um Jeito Diferente de Ser

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